segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Poema IV


IV
Minha medida? Amor.
E tua boca na minha
Imerecida.

Minha vergonha? O verso
Ardente. E o meu rosto
Reverso de quem sonha.

Meu chamamento? Sagitário (Escorpião)
Ao meu lado
Enlaçado ao Touro.

Minha riqueza? Procura
Obstinada, tua presença
Em tudo: julho, agosto (novembro, dezembro)
Zodíaco antevisto, página

Ilustrada de revista
Editorial, jornal
Teia cindida.

Em cada canto da Casa
Evidência veemente
Do teu rosto. (Hilda Hilst - complementado por Bau)


Poema III

III


Se refazer o tempo a mim me fosse dado
Faria do meu rosto de parábola
Rede de mel, ofício de magia

E naquela encantada livraria
Onde os raros amigos me sorriam
Onde a meus olhos eras torre e trigo

Meu todo corajoso de Poesia
Te tomava. Aventurança, amigo,
Tão extremada e larga

E amavio contente o amor teria sido. (Hilda Hilst)

sábado, 29 de janeiro de 2011

Poema II


II
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora

Há tanto tempo sua própria tessitura.

Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
E transitória se tu me repensas. (Hilda Hilst)




II
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
Eu te direi que nosso tempo é ainda aurora.
Esplêndida avidez, vasta ternura
Porque é mais vasto o sonho que elabora

Há tanto tempo seu leito de ventura.

Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. Mas de leveza,
E forte e companheira, se tu me repensas. (releitura por Bau)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Hilda Hilst

Não ando na vibe de escrever, mas ando na vibe de ler, e estes poemas de Hilda Hilst são de se ler de joelhos. Fazem parte do livro Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão, "Dez chamamentos ao amigo" (p.17-27).

I
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Sonhos


Sonhei um sonho bom. O gostoso do meu sono é que nele não existem problemas, nem medos, nem distância. Existe música e poesia, há dias de sol e de chuva, luares, flores, doçuras.