quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Dos jantares

Sou parada por culinária. Gosto de experimentar as mais variadas comidas, sejam exóticas ou não, desde uma dobradinha com feijão branco até um salmão ao azeite e amêndoas, do curry e chilli ao sashimi e ao delicioso ceviche. Enfim...mas há coisas que não me apetecem, não sou fâ de carnes gordas (digamos que ao menos não sou fã das gorduras das carnes), nem de peixes de rio. Não aprecio rim nem miolo, e não achei muito boa a parrillada argentina servida em alguns restaurantes, as carnes vieram secas, queimadas, e seu gosto era ativo demais. Além disso, a quantidade absurda de comida já deixa qualquer um cansado, só de olhar. Bem, mas adoro cozinhar, tirar fotos dos pratos e adoro apreciar a cozinha de minhas amigas. Fizemos há alguns dias um jantar maravilhoso em que bebemos cabernet sauvignon ou cerveja, suco para as abstêmias, e o cardápio, vegetariano, foi incrível: pão de alho e pão integral caseiro, salada de tomates sem pele e sem sementes cortados em pedaços grandes e temperados com ervas, ricota esfarelada com ervas e berinjela com tomate seco no azeite. Sobremesa, um mix de banana, maçã, manga e açúcar mascavo feito ao forno. Infelizmente, não fotografamos os pratos. Foi demais.

Do Jardim

Nem todos têm o privilégio de ter um espaço grande para um jardim, e eu, que confesso publicamente minha negligência para com o meu, sou honrada pela saudação das primeiras plantinhas que começam a crescer aqui. Primeiro a gramínea nativa que se espalha no solo arenoso e o calor causticante do verão, depois dois arbustos insurrectos, verdejantes apesar de meu descaso, e agora as pequenas árvores plantadas pelo meu filho Daniel, duas pitangueiras, um pé de graviola e outro de araçá (acho). Lindos, também resistem à minha desnaturada natureza e às investidas de minha matilha de cadelas, todas irrequietas e glutonas, comendo folhas, flores, frutos e raízes, para palitar seus dentinhos selvagens. Hoje me armei de maternidade ecológica e, de biquini e tênis, cortei a gramínea, cuidei das plantinhas, varri as pedras. O resultado foi fantástico para mim. Meus olhos puderam contemplar o espetáculo incrível que oferece um jardim bem cuidado, meu corpo se sentiu profundamente recompensado por aquelas horas de distração e carinho e acho até que minha meninas sentiram um certo respeito por meu esforço, pois não as vi nenhuma vez tentando mordiscar os caules. As vi correrem felizes pelo gramado, como se soubessem que naquele lugar vão correr ainda, muitas vezes, crianças e animais, livres e cheios de energia.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O jantar

O jantar de hoje foi maravilhoso, nos esbaldamos em queijo de coalho feito em fatias na frigideira com tomate e coentro; castanha de caju; costelinha de porco assada no forno, servida com macaxeira ao molho de cebola em rodela com alho, suco de limão e laranja lima no azeite quente, com o complemento de farofa de cuscus com feijão de corda. Cerveja, bom vinho tinto e vodka foram as bebidas e para sobremesa, sorvete. Boa conversa, boas amigas, foi uma noite gastronômica incrível! Dá para repetir, com certeza!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

De cães

Se você já teve um animal de estimação, vai entender o que estou sentindo. A noite de ontem foi triste. Foram dezesseis anos de companheirismo. Ela era muito linda, pequena e refinada, uma vira-lata parecida com a raça beagle, mas magrinha. Anita era seu nome, malhada e de cílios claros como da mãe, a cadela Loli. Nasceu em nossa casa, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, filha de Loli e do cão vizinho, Átila, cresceu com meus filhos, acompanhando-os nas artes todas, caminhando pelas trilhas dos morros do Bairro de São Franciso, onde moramos por três anos. Dominava todas as ruas. Quando livre, arrumava muita confusão, entrava nas casas para ora morder as cadelas da vizinhança, ora mostrar-se extremamente amável e dormitar com os rotweiller, pastores alemães e daschunds das redondezas. Recebeu ameaças de morte, invadiu residências, mordeu uma vizinha. Quando presa, escalava qualquer muro, qualquer cerca em busca de liberdade. Nada a segurava. Foi dona da rua e dona de nosso coração. Fui chamada às Pequenas Causas por causa de seu latido e sua impertinência. Em Florianópolis dominou a Servidão Ilha Paraíso, no Campeche, enfrentando três cães de grande porte, levou pontos, sarou. Foi a rainha da ladeira da Servidão Radialista Carlos Alberto Campos na Carvoeira, seguia meu filho André até o ponto de ônibus e depois voltava, subindo a enorme ladeira em zigue-zague para não se cansar. Com ela aprendi a subir ladeiras. Matou gambás e ratazanas que nos ameaçavam a saúde e a paz, e também caçou pássaros e esburacou meu jardim. Tinha gravidez psicológica, e ficava feliz com os bonecos de pelúcia que dávamos para que ela "criasse". Comeu ervas daninhas e convulsionou. Saiu da convulsão e mexia a boca como se fosse um riso. Anita, ainda bem que pude acompanhar você no seu último passeio e te acarinhar e agradecer pelo amor que nos deu estes anos todos. Que o céu dos cachorrinhos te acolha bem!