segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

De cães

Se você já teve um animal de estimação, vai entender o que estou sentindo. A noite de ontem foi triste. Foram dezesseis anos de companheirismo. Ela era muito linda, pequena e refinada, uma vira-lata parecida com a raça beagle, mas magrinha. Anita era seu nome, malhada e de cílios claros como da mãe, a cadela Loli. Nasceu em nossa casa, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, filha de Loli e do cão vizinho, Átila, cresceu com meus filhos, acompanhando-os nas artes todas, caminhando pelas trilhas dos morros do Bairro de São Franciso, onde moramos por três anos. Dominava todas as ruas. Quando livre, arrumava muita confusão, entrava nas casas para ora morder as cadelas da vizinhança, ora mostrar-se extremamente amável e dormitar com os rotweiller, pastores alemães e daschunds das redondezas. Recebeu ameaças de morte, invadiu residências, mordeu uma vizinha. Quando presa, escalava qualquer muro, qualquer cerca em busca de liberdade. Nada a segurava. Foi dona da rua e dona de nosso coração. Fui chamada às Pequenas Causas por causa de seu latido e sua impertinência. Em Florianópolis dominou a Servidão Ilha Paraíso, no Campeche, enfrentando três cães de grande porte, levou pontos, sarou. Foi a rainha da ladeira da Servidão Radialista Carlos Alberto Campos na Carvoeira, seguia meu filho André até o ponto de ônibus e depois voltava, subindo a enorme ladeira em zigue-zague para não se cansar. Com ela aprendi a subir ladeiras. Matou gambás e ratazanas que nos ameaçavam a saúde e a paz, e também caçou pássaros e esburacou meu jardim. Tinha gravidez psicológica, e ficava feliz com os bonecos de pelúcia que dávamos para que ela "criasse". Comeu ervas daninhas e convulsionou. Saiu da convulsão e mexia a boca como se fosse um riso. Anita, ainda bem que pude acompanhar você no seu último passeio e te acarinhar e agradecer pelo amor que nos deu estes anos todos. Que o céu dos cachorrinhos te acolha bem!

Um comentário:

  1. Bau, querida!
    Sei bem como é conviver com um ser tão especial!
    Quando dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem, é verdade!
    Os cachorros nos olham com toda a delicadeza do mundo, com o olhar mais apaixonado, e nos desarmam mesmo quando estamos super bravos com eles! Só um bichinho assim para ensinar que no amor não precisamos temer nada!

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