quarta-feira, 14 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amigos

Amigos são joias raras, a cada dia que passa mais entendo isso e melhor me sinto comigo mesma. Mas muitas vezes não consigo entender que aquilo que eu gostaria que existisse no outro não existe, fico forçando para que exista, e com isso me machuco. Quantas vezes tento me enganar, projetando na outra pessoa algo que ela não é. É que minha carência é tão grande que tenho a necessidade de ver o que não existe, então crio. Assim como "A Mulher Invisível", às vezes crio relações unilaterais, acredito em coisas que a outra pessoa não tem condições de dar. Mentiras que contamos para nós mesmas, mentiras que tentamos contar para o mundo, mentiras que deixamos que nos contem. Todos os dias é uma nova lição de vida, e aprender sempre faz parte do processo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Patrícia Patrícia

Esse era o nome dela, da moça que passava todos os dias em frente à minha casa e olhava para cá como se procurasse algo, a moça de cabelos curtos, castanhos, e que eu imaginava, ao vê-la passando, que também tinha olhos castanhos. Claro que eu me escondia atrás da janela, ela procurava algo ou alguém, mas eu não queria que ela visse que eu a via. Não me pergunte o por quê, era uma coisa minha, essa moça passando a pé e olhando aqui para dentro, eu achava tão bonito, achava um gesto tão doce, porque não era um semblante de curiosidade má que ela trazia, mas uma expressão de interrogação sincera, um olhar tranquilo, mas interrogativo, suave, mas perspicaz. Certeza que tinha olhos castanhos também. Usava sempre jeans, bolsa a tiracolo. Não sei se morava por aqui, mas o movimento dela todos os dias aqui em frente era essencial naquela época.

Daqui vejo...

...um par de sapatos amarelos, meias brancas, calças jeans. Daqui vejo também um vaso de jiboia, bem linda e brilhante, subindo pela parede do escritório como se fosse toda dela. E não é que é mesmo?