domingo, 24 de maio de 2009

De onde vem a culpa?

Queridos, há frases feitas que são ótimas - do tipo "quem guarda no exterior, tem, quem guarda no Brasil, o imposto de renda e a inflação (aquela que não existe) comem"- , mas outras que são de matar. Uma dessas é aquela que diz que, se a gente ri muito num dia, chora no outro. Estava conversando com minha namorada (somos um misto de namoradas, noivas e companheiras, mas o título "namorada" é tão bonito que acho que vou adotá-lo para sempre), e ríamos muito. Ela, um pouco apreensiva, comentou sobre isso, tinha medo dessa alegria momentânea, medo do que viria depois disso. Esses medos sempre me fazem voltar à memória as leituras e discussões do mestrado, as conversas entre as amigas feministas, as discussões no grupo do Umas e Outras em São Paulo e lá no início das Famílias Alternativas, no final dos anos 1990. De onde tiramos as culpas pela felicidade, pela alegria, pelos momentos de paz? Por que esses momentos são sempre maculados pela sensação de finitude e de culpa pelo gozo? A cultura judaico-cristã é totalmente responsável pela construção dessa sensação em nós, seres vulneráveis, sensíveis e necessitados do conforto social? A quem serve a continuidade dessa crença? Claro que há mais coisa debaixo desse cobertor...(há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia, como nos brindou Shakespeare, pela boca de Hamlet).Hand holding human skull

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