sábado, 5 de dezembro de 2009

Bom dia, galera, acorda, Bau

Antigamente eu falava muito de meus sentimentos em tudo o que escrevia, e eram sentimentos doloridos, amargos. Talvez fosse por minha juventude, coisas de adolescente atormentada por sentimentos românticos, no sentido literário da palavra, ou porque eu, até os 30 anos, não tinha noção de que era lésbica, e do que significava para mim uma vida onde eu me sentisse incluída, apesar da exclusão a que a sociedade poderia me relegar (num determinado momento isso até aconteceu, hoje em dia, não mais). Sinto que minha vida ficou mais leve depois de poder me olhar de frente e pensar como devem ter sido difíceis estes anos em que eu me sentia estranha, mas não sabia o motivo. Imaginem uma pessoa que passa 30 anos da vida se sentindo um peixe estranho, apesar de bonita (eu era uma menina bonita), de classe média,simpática,esportista, cheia de amigos e amigas, nível universitário...puxa, e uma verdadeira ignorante de mim mesma. Eu ignorava meus desejos. Colocava um sorriso por cima de tudo e negava qualquer possibilidade de sofrimento. Isso transbordava, tenho certeza, de outras formas, mas como a vida é minha, não tenho como observar de fora, não sei como transbordou. Talvez em energia, alegria, contos, talvez no excesso de solidão interna e depressão. E agressividade contra mim mesma, me obrigando a fazer coisas que não queria.
Hoje acho que o panorama tem se alterado um pouco. Mais madura, mais atenta a mim, não quero mais abrir mão de coisas que são muito importantes para mim, mesmo que daqui a alguns anos elas já não sejam mais importantes. Não posso levar minha única vida levianamente. Antes tarde do que nunca. A gente um dia acorda. Bom dia, galera.

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